O primeiro transplante total de cara do Mundo foi feito no Hospital Vall d'Hebron, em Barcelona. Demorou 22 horas e envolveu 30 profissionais.
Doente recebeu um transplante de toda a pele e músculos da cara, nariz, lábios, maxilar superior, dentes e a mandíbula superior
O receptor do primeiro transplante total de cara do Mundo é um jovem que sofria de uma deformação grave, provocada por um acidente, que o impedia de respirar, pelo nariz e pela boca, de falar e de deglutir.
Feito o transplante total da cara, os médicos esperam, agora, que o doente comece "dentro de algumas semanas, a falar, a comer, a sorrir e a rir".
A previsão foi feita pelo chefe do serviço de Cirurgia Plástica e Queimados, Joan Pere Barret, que dirigiu a equipa multidisciplinar do centro hospitalar catalão que fez a intervenção, no dia 22 de Março.
O doente recebeu um transplante de toda a pele e músculos da cara, do nariz, dos lábios, do maxilar superior, todos os dentes, o palato, as bochechas e a mandíbula, por via de uma cirurgia plástica e de uma microcirurgia reparadora dos vasos sanguíneos, e encontra-se agora "bem e recupera satisfatoriamente”, explicou Barret.
Até à data, realizaram-se 11 transplantes de cara, mas todos parciais.
O procedimento de recolha de tecidos faciais terminou com a reconstrução de uma máscara com a forma da cara do paciente.Os tecidos foram colocados em líquidos de preservação, um processo idêntico ao efectuado com os órgãos em espera para ser transplantados.
Os responsáveis pela intervenção explicaram, em conferência de imprensa, que a revasculização da cara e a chegada de sangue à totalidade transplantada é "básica para o êxito do implante, um processo que se realizou com êxito".
"Não houve rejeição e substituíram-se as seguintes estruturas: maxilar, mandíbula, nariz, bochechas, mucosa, músculos e nervos e pele", detalharam fontes do hospital.
"O paciente tem cicatrizes à frente e no pescoço, mas no futuro ficarão completamente dissimuladas", garantiu Barret, recordando que os ossos da cara implantada devem adaptar-se, agora, à estrutura craniana do jovem.
O doente, depois de ter visto a sua nova cara, ficou “satisfeito”, explicaram fontes hospitalares. "Olhou-se ao espelho quando os psicólogos asseguraram que já estava preparado. Tinha passado uma semana desde a operação e reagiu bem", explicou o coordenador.
O jovem, que sofria há cinco anos de uma deformação grave, precisa no mínimo de mais dois meses, antes de ter alta clínica, apesar de os especialistas não terem apontado uma data concreta. Até lá, o doente continuará a fazer reabilitação e, depois, poderá ter "uma vida praticamente igual à que tinha antes do acidente".
Antes da intervenção cirúrgica, o homem foi submetido a uma avaliação psicológica para garantir que estava preparado para assimilar quer os possíveis riscos, quer o facto de ficar com um aspecto diferente do que tinha antes do acidente.
in edição on-line do JN de 23 de Abril de 2010
Vanda Craveiro, em 23 de Abril de 2010