Investigadores canadianos recorreram a pulmões doados, considerados demasiado danificados para transplantes, e "repararam-nos" com recurso a uma terapia genética fora do corpo.
Será agora necessário proceder a investigações mais complexas para se perceber se os pulmões funcionam tão bem dentro de um corpo como funcionaram numa redoma transparente de suporte à vida.
Apesar de ainda faltar esta etapa, a possibilidade de "reparação" dá, aos especialistas pulmonares, esperanças de poderem aumentar o número de pulmões disponíveis para quem deles necessite.
Até ao momento, só cerca de 15% dos pulmões facultados por doadores são validados para transplantes.
Os motivos da exclusão não são, na maior parte das vezes, doenças mas danos causados nas delicadas vias respiratórias ou grandes inflamações que ocorrem nos casos em que houve morte cerebral do dador.
Além disso, os pulmões transplantados são vulneráveis a uma série de inflamações nos primeiros três dias após a cirurgia, sendo que os transplantados pulmonares registam uma taxa de sobrevivência inferior à das pessoas que receberam um coração, um fígado ou um rim de outrem.
A nova descoberta, concretizada pela Rede de Saúde da Universidade de Toronto, visa, antes de mais, salvar pulmões doados que não tenham as condições ideais e, se isso resultar, ajudar também a reparar danos pós-transplante.
O segredo está num gene que produz uma substância chamada interleucina-10 (IL-10), que consegue reduzir inflamações das moléculas mais propensas a danificar os pulmões.
Porém, quando os pulmões são doados, têm de ser rapidamente colocados em gelo, para evitar a deterioração dos tecidos, e isso impede a IL-10 de actuar.
Perante o problema, Shaf Keshavjee, chefe de transplantes pulmonares da Rede de Saúde da Universidade de Toronto, engendrou um processo com duas partes: primeiro foi criada uma câmara com a temperatura corporal que mantém os pulmões vivos fora do corpo e, em seguida, insere-se nos pulmões o gene que produz altos níveis de IL-10, fazendo regredir a inflamação.
Fonte: RCM Pharma; Artigo de 30 de Outubro de 2009
Verónica Cabreira, 22 de Fevereiro de 2010
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