A doença renal crónica é uma patologia progressiva, com elevada taxa de mortalidade, que ameaça tornar-se num grave problema de saúde pública com implicações sérias no Serviço Nacional de Saúde.
Dependendo da raça e da região do mundo, todos os anos, cerca de 100 a 500 pessoas num milhão desenvolvem insuficiência renal terminal.
Os rins humanos têm cerca de 11cm de comprimento, 5cm de largura, 3cm de espessura e a forma de um feijão. Entre as principais funções dos rins destacam-se a eliminação dos resíduos tóxicos produzidos pelo nosso organismo, a eliminação do excesso de água do organismo através da urina - efeito diurético - e a produção de algumas hormonas essenciais (como a hormona que regula a tensão arterial e a eritropoietina, uma hormona fundamental na formação dos glóbulos vermelhos).
Diariamente, aproximadamente 180 litros de sangue são filtrados e refiltrados pelos rins. Em situações normais o rim produz cerca de 1,2 litro de urina por dia. Sendo assim, a Insuficiência Renal, é uma condição na qual os rins perdem sua capacidade de filtrar adequadamente o sangue e regular o equilíbrio de sal e água do corpo (osmorregulação).
A doença renal crónica não escolhe idades nem sexo, embora a sua incidência seja maior nos adultos e idosos. A diabetes, a obesidade e a hipertensão arterial, quando conjugadas com os factores hereditários de doença renal crónica, são indicadores possíveis de se vir a contrair este problema.
Outras causas de insuficiência renal crónica incluem infecções urinárias frequentes, glomerulonefrites (inflamações) e malformações do aparelho urinário e também pode acontecer devido a exposição a longo prazo ao chumbo, mercúrio ou certos medicamentos, especialmente os analgésicos.
Esta patologia é considerada não reversível, vai piorando lentamente, tendo na sua fase terminal como tratamento apenas a hemodiálise, a diálise peritoneal (processo de depuração do sangue no qual a transferência de solutos e líquidos ocorre através de uma membrana semipermeável, o peritoneu, que separa a cavidade abdominal do capilar peritoneal) e o transplante renal.
Factores de risco compostos
Factores de risco para doença renal crónica:
• Diabetes Mellitus (cerca de 40% dos doentes);
• Hipertensão (aproximadamente 30% dos insuficientes renais, uma vez que os rins controlam o nível dos líquidos e dos sais do nosso organismo, tendo assim uma grande influência na pressão arterial);
• Uso de anti-inflamatórios não esteróides.Factores de risco cardíacos:
• Obesidade;
• Hiperlipidemia;
• Tabagismo;
• Obesidade;
• Hiperlipidemia;
• Tabagismo;
Factores de risco gerais:
• Idade avançada;
• Mais comum em não-caucasianos;
• Idade avançada;
• Mais comum em não-caucasianos;
• Dieta com elevado valor proteico;
Como a lesão dos rins na Insuficiência Renal Crónica é progressiva e lenta, os sintomas também se desenvolvem devagar, iniciando-se normalmente quando mais de 80 por cento da função dos rins se encontra perdida.
Os principais sinais de alerta para a sua existência são:
→ Ardor ou dificuldade em urinar;
→ Urinar frequentemente, sobretudo durante a noite;
→ Urinar com sangue;
→ Olhos, mãos e/ou pés inchados, especialmente em crianças;
→ Dor na região lombar que não se altera com o movimento;
→ Tensão arterial elevada.
O transplante renal é então uma cirurgia que proporciona melhor qualidade de vida aos doentes cuja função renal está comprometida, permitindo que estes abandonem as longas e repetidas sessões de hemodiálise ou de diálise peritoneal.

Nesta cirurgia, o rim transplantado é colocado no abdómen do doente e ligado à bexiga, onde começa a trabalhar fazendo a depuração do sangue e consequentemente voltando a eliminar de forma natural os produtos tóxicos do organismo.
Medidas preventivas nos cuidados de saúde primários:
• Ter um estilo de vida saudável, praticando exercício físico regularmente e tendo especial atenção à alimentação - aumentar o consumo diário de fruta, vegetais e lacticínios e moderar o consumo de gorduras, sal, açúcar e álcool;
• Medir regularmente a tensão arterial;
• Realizar anualmente análises ao sangue e à urina mesmo que não se sinta qualquer sintoma;
• Controlar cuidadosamente os níveis de glucose em pacientes diabéticos e aconselhar uma dieta a todos os doentes renais crónicos;
• Tratar outros factores de risco cardiovascular tradicionais, em especial o tabagismo e a hipercolesterolemia;
• Evitar medicação potencialmente nefrotóxica;
• Consultar um nefrologista, apesar de muitos dos cuidados em curso poderem ser realizados pelos prestadores de cuidados de saúde primária.
A prevenção de doenças renais crónicas é possível e o tratamento precoce pode atrasar a progressão e reduzir o risco cardiovascular.
* Uma história especial para mim: Guillaume e Patrick
Recentemente um familiar meu foi sujeito a transplante de rim, devido a insuficiência renal agravada ao longo dos anos, associada a outros problemas de saúde. Guillaume tem dezoito anos e recebeu um rim do seu pai Patrick, meu "tio". Ambos residem em França e logo que o problema se foi agravando, procederam ao internamento do Guillaume num dos Hospitais de Paris. No entanto, o estado de saúde do meu "primo" não era favorável à realização do transplante e este só pôde ser realizado em Dezembro. O Guillaume luta dia após dia, tomando toda a medicação que lhe é prescrita e apesar de ter a noção da sua condição de saúde, ser portador de uma patologia relativamente rara que lhe foi diagnosticada à nascença, é uma pessoa com uma vitalidade imensa e um exemplo de coragem. O seu pai Patrick, encontra-se neste momento tal como o Guillaume ainda a recuperar mas concerteza muito feliz por ter ajudado o Guillaume a ultrapassar esta fase. É também ele um exemplo de pessoa, pai e amigo.
Dedico-lhes estas palavras:
For you, both my friends and my family I have just one word: courage!
You have come so far and none of this was in vain. I'm sure that this was a step forward in the Guillaume's bright future and every difficult moment you faced is rewarded with smiles everyday. When I heard the news about the transplant, I was very surprised and concerned about you, especially now that I'm conducting this project. But I could not have been more touched by this gesture of love.
I'm witness to your struggle and I hope that in a near future we can be together again. I'm sure that you know that despite the distance I give you all my support. I'm proud to know you and Guillaume: you should have the greatest pride in the wonderful father you have :)
Lot of kisses and a big hug
Your friend, Verónica
Fontes de informação: Médicos de Portugal, Doutor Policlin, Wikipédia, Roche Portugal, Associação Portuguesa de Insuficientes Renais
Verónica Cabreira, 18 de Fevereiro de 2010
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