domingo, 24 de janeiro de 2010

... Possíveis causas da leucemia e factores de risco

Como já foi aqui abordado, é nas células sanguíneas que a leucemia se desenvolve: são produzidos glóbulos brancos de que o organismo não precisa e o sangue deixa de cumprir a sua função. Este é o tipo de cancro mais comum entre as crianças.

Tudo isto se inicia na medula óssea, o tecido esponjoso que existe no interior dos ossos e que é como que uma fábrica das células sanguíneas. Mas, como todas as células, também estas circulam por todo o corpo, pelo que a doença pode manifestar-se de diversas formas, em função do número e da localização das células tumorais.
Quase sempre por causas difíceis de identificar, o que acontece é que a renovação celular é alterada: formam-se novas células sem que haja declínio de outras.

Factores de risco

Há algumas pessoas com risco acrescido de desenvolver leucemia: é o caso das que estão sujeitas a níveis elevados de radiação (como aconteceu com as vítimas da explosão do reactor nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986) e das que estão expostas de forma prolongada a substâncias químicas como o benzeno. Mas também quem sofre de doenças genéticas como a síndrome de Down ou já foi submetido a tratamentos com determinados medicamentos anticancerígenos.
No entanto, ser possuidor de um destes factores não significa que se vá desenvolver necessariamente a doença. Aliás, muitos doentes não apresentam qualquer factor de risco.

Estudos identificaram os seguintes factores de risco para a leucemia: homem mais velho, contacto frequente com certo químicos, fumadores, com exposição a altos níveis de radiação, com certas condições de saúde, e com tratamento passado de quimioterapia ou radioterapia.
A combinação de quimioterapia e radioterapia pode elevar significativamente, muitos anos depois do tratamento, o risco de desenvolver leucemia.
O Benzeno é um químico muito usado que está relacionado com as causas da leucemia. O maior risco de exposição a altos níveis de benzeno está em fábricas de químicos e indústrias relacionadas com a gasolina. Porém, depois de regulamentos sobre a exposição de benzeno nas indústrias, o número de ocorrências de leucemia devido a esse químico tornou-se mais raro. O benzeno também é encontrado no fumo do tabaco.

Cerca de 3 de cada 10 pessoas com uma anomalia sanguínea chamada síndrome mielodisplásica desenvolvem leucemia mielóide aguda. Outro factor preponderante pode ser a infecção por um retrovírus como é o caso da infecção pelo HTLV-1 (vírus linfotrópico de células T humanas do tipo I), que conduz ao desenvolvimento da Leucemia das células T do sistema imunitário dos indivíduos adultos.

Mais de 65% das pessoas diagnosticas com leucemia tinham mais de 55 anos de idade. A leucemia também ocorre mais frequentemente nos homens e é mais comum entre pessoas de raça branca.

Existem também inúmeros produtos alimentares industrializados capazes de provocar alterações nas células sanguíneas. O açúcar branco, por exemplo, consumido em excesso e regularmente, pode dificultar a absorção e ocasionar a perda constante de sais minerais e micro-minerais importantes ao bom funcionamento do organismo, como selénio orgânico, zinco, cromo, magnésio e muitos outros. Tal deficiência mineral ou carência crónica de oligoelementos, associada à acidificação provocada pelo uso dietético excessivo e constante de açúcar (ácido láctico e carbónico etc), favorece muito o aumento de radicais livres no organismo que, por sua vez, enfraquecem e alteram as células sanguíneas precursoras.


Outras substâncias e agentes capazes de provocar leucemia são: aditivos alimentares sintéticos (corantes, aromatizantes etc), radiação ionizante (exposição atómica), dietiletilbestrol (hormona feminina sintética utilizada no tratamento da insuficiência ovárica, amenorréia, distúrbios da menopausa e cancro da próstata, aplicada ao gado bovino para aumentar seu peso; presente também na carne das aves), sulfito de sódio (utilizado para deixar as carnes com aspecto mais avermelhado), nitrato de potássio, óleos refinados, benzopireno (substância cancerígena presente nas gorduras dos fritos e na carne de hambúrgueres industrializados) e diversas outras substâncias.

Sintomas

Há sintomas comuns que, não sendo exclusivos da leucemia, funcionam como sinais de alerta: febre e suores nocturnos, fadiga e fraqueza persistentes, infecções frequentes, perda de apetite e de peso, hemorragias e hematomas frequentes, pequenas pintas vermelhas na pele, dor nos ossos e articulações, nódulos linfáticos inchados (sobretudo no pescoço, axilas e virilhas), inchaço ou desconforto abdominal (devido ao aumento do baço).

Tratamento - A cura passa muitas vezes pelo transplante


O transplante de medula óssea é o método que oferece alguma possibilidade de cura em determinadas doenças malignas, para as quais não há outro tratamento mais eficaz e curativo. O transplante é um tratamento que se assemelha a uma transfusão em que o produto transferido é medula óssea e não sangue. Porém, o transplante só é possível em determinados casos específicos e geralmente é melhor suportado em doentes mais jovens.
Com um enxerto de medula óssea (de um dador ou do próprio doente), é possível restabelecer a função da medula que ficou destruída por doses maciças de quimioterapia. A medula óssea transplantada tarda regra geral entre duas a três semanas até produzir glóbulos brancos suficientes para oferecer protecção contra as infecções, como consequência, o risco de se sofrer uma infecção grave é mais elevado durante este período.
O transplante pode ser realizado a partir do próprio doente (autotransplante) ou de outra pessoa, que tanto pode ser um familiar directo como um dador inscrito num registo nacional ou internacional (alotransplante). É preciso é que haja compatibilidade HLA.

Além destes métodos, existe a possibilidade de utilização de células estaminais do cordão umbilical, colhidas imediatamente após o parto e de seguida criopreservadas.
Uma vez transplantadas, estas células vão substituir as doentes e estimular a produção de células saudáveis. É uma nova possibilidade de vida que se abre.

Verónica Cabreira, 24 de Janeiro de 2010

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