sábado, 3 de abril de 2010

Colheita e Transplantação de órgãos em Portugal

 
O processo normal para um transplante é iniciado por um médico que em consulta com o doente lhe indica o diagnóstico e a terapia mais adequada que neste caso poderá passar por um transplante. O doente terá sempre o direito de escolha entre fazer ou não fazer um transplante depois de devidamente informado pelo médico. Caso escolha fazê-lo, o médico inscreve o doente numa lista de espera, depois de reunir informações de compatibilidade através de análises de sangue e de tecidos, ficando estas guardadas a aguardar pela disponibilidade de um dador compatível.

A partir daí, o período de espera é variável e geralmente um pouco demorado tendo em conta a pouca disponibilidade de órgãos para transplante. Quando um órgão fica disponível, o doente é contactado para que num espaço de tempo muito reduzido a intervenção se realize. Os órgãos regra geral não sobrevivem muito tempo fora do corpo humano, pelo que se um doente não estiver contactável perde imediatamente a sua vez para outro.

Em Portugal colhem-se os seguintes órgãos, tecidos e células:

• Órgãos: rim, rim + pâncreas, coração, pulmão, fígado;
• Tecidos: pele, válvulas, vasos, peças osteoarticulares, membrana amniótica, córnea;
• Células: percursores hematopoiéticos (medula óssea e cordão umbilical) e células reprodutoras.
Os tecidos ou órgãos doados podem provir de uma pessoa viva ou de alguém que acabou de falecer com o diagnóstico de morte cerebral. É preferível contar com tecidos e órgãos de um dador vivo, porque as possibilidades de que sejam transplantados com sucesso são maiores.

No entanto, órgãos como o coração, os pulmões e os componentes do olho (a córnea e o cristalino) só podem provir de alguém que tenha morrido recentemente, em regra devido mais a um acidente do que a uma doença. Os dadores mais adequados são aqueles que apresentam uma idade inferior a 35 anos, ou 40 no caso das mulheres e sem historial de doença cardíaca. Em alguns casos, várias pessoas podem beneficiar do transplante de órgãos provenientes de um único cadáver. Por exemplo, teoricamente um dador poderia fornecer córneas para duas pessoas, rins para outras duas, um fígado para um doente, pulmões para dois e ainda um coração para outra pessoa.

Os cinco gabinetes de coordenação de colheita de órgãos e transplantação (GCCOT) funcionam nos hospitais de Santo António e de São João, no Porto, nos Hospitais da Universidade de Coimbra e nos hospitais de São José e de Santa Maria, em Lisboa. Cada gabinete integra diversos hospitais onde é autorizada a colheita e a transplantação de órgãos.

A detecção e validação do dador competem ao coordenador hospitalar de doação, que dá conhecimento disso ao seu Gabinete Coordenador. Assim, quando o óbito por morte cerebral de um paciente é confirmado, numa das unidades de cuidados intensivos de um Hospital, cabe ao Gabinete de Coordenação de Colheita de Órgãos e Transplantação avaliar se o paciente preenche ou não os critérios da colheita.

Primeiro, é necessário verificar se o paciente não está inscrito no Registo Nacional de Não Dadores (RENNDA), isto é, se não manifestou em oposição à colheita de órgãos. De seguida, providencia-se o envio de sangue e gânglios do dador para tipagem e outras análises no Centro de Histocompatibilidade (três no País: Norte, Centro e Sul).


Compete também ao Gabinete Coordenador organizar a equipa de colheita multiorgânica com todo o material de que necessita, bem como assegurar o transporte, da equipa, do material e dos produtos colhidos, quando o dador se encontra num hospital diferente daquele onde está o Gabinete sediado. Habitualmente, uma extracção dos órgãos doados oscila entre 3 e 6 horas mas este intervalo depende sempre do tipo e das características dos órgãos e tecidos doados.

Compete ainda ao Gabinete transportar os órgãos aos hospitais onde vai ser feito o transplante. A escolha dos doentes em lista de espera para transplante de um órgão é feita segundo critérios biológicos de grupagem ABO e tipagem HLA-DR e cross-match. São considerados critérios de prioridade, como seja o grau de urgência, a idade, peso e outros.

Em princípio, a distribuição é regional, obedecendo às áreas de influência dos cinco gabinetes. Nos casos de urgência, a alocação é feita a nível nacional. No entanto, está protocolada com a ONT espanhola a possibilidade de fazer apelo urgente de fígado para esse país e para qualquer um dos órgãos colhidos em que não haja um receptor compatível em Portugal, os órgãos são oferecidos aos congéneres europeus, que podem ter oportunidade de transplantá-los.

Todo o processo que envolve a colheita, a deslocação e o transplante dos órgãos tem de ser rápido, dado que o tempo de espera dos órgãos é muito limitado, como já foi referido. Para o rim, o normal são 24 horas, o fígado e o pâncreas, até 12 horas e o coração e os pulmões só podem manter-se durante 6 horas.
A complexidade da cirurgia do transplante e a impossibilidade da sua programação, sempre dependente da ocorrência de um dador, torna imperioso manter as equipas com o nível de preparação técnica necessário e a disponibilidade constante que os programas exigem.
Já no circuito dos tecidos e células, interpõe-se, frequentemente, um dispositivo de armazenamento, um chamado banco (de tecidos ou células). Os tecidos são provisoriamente acondicionados e rotulados para envio aos bancos de tecidos onde são definitivamente preparados e conservados até que algum serviço os requisite para aplicação.

São objecto de comunicação à ASST todas as colheitas de tecidos e órgãos e todos os transplantes de órgãos, medula e córnea. A certificação da realização destes transplantes é comunicada pela ASST à Administração Central do Sistema de Saúde, IP, para disponibilização do pagamento dos incentivos aos hospitais que realizaram os transplantes.

Os custos de todo o processo desde a colheita à transplantação são assegurados pelo Sistema Nacional de saúde.

Verónica Cabreira, 3 de Abril de 2010

3 comentários:

Anónimo disse...

Continuem com o excelente trabalho que têm vindo a desenvolver até agora, acho que a escolha do vosso grupo foi bastante inteligente e de muito interesse, esperemos que com o decorrer do tempo este projecto atinja as metas que lhe foram propostas de forma satisfatória.

Anónimo disse...

وظيفة جيدة ، والحفاظ على ذلك!

Anónimo disse...

وظيفة جيدة ، والحفاظ على ذلك!