segunda-feira, 26 de abril de 2010

Transplantes Renais

O que é um transplante renal?

O transplante renal é o procedimento médico-cirúrgico no qual um rim, que anteriormente era de outra pessoa (doador), é colocado num indivíduo cujos rins não desempenham a sua função (receptor). Este rim passa a desempenhar todas as funções dos rins originais.

Neste tipo de transplante o dador pode ser vivo ou morto (morte cerebral). No caso de dador vivo, este pode ser da família (pai, mãe, irmão, filhos), ou outra pessoa relacionada com o receptor. Todos os dadores vivos devem estar em plena consciência do acto que estão a praticar. Após serem examinados clínica e laboratorialmente e se não apresentarem nenhuma contra-indicação podem doar o rim. Algumas vezes são realizados transplantes com doador vivo não relacionado (por exemplo: esposa (o)). Nesses casos a investigação realizada é muito maior e deve haver algum grau de compatibilidade dos tecidos para não haver rejeição. É muito importante que o sangue e os tecidos do dador sejam compatíveis com os do receptor. Essa semelhança evita que o sistema de defesa imunológica do receptor estranhe o novo rim e o rejeite. Para isso, são feitos exames da tipagem sanguínea (ABO) e dos antígenios dos glóbulos brancos (HLA).
Para as pessoas cujos rins deixaram de funcionar, o transplante é uma alternativa à diálise que lhes pode salvar a vida e que além disso tem sido efectuado com êxito em pessoas de todas as idades.

O transplante é uma grande cirurgia porque o rim doado deve ser ligado aos vasos sanguíneos e às vias urinárias do receptor.

Técnicas cirúrgicas


Na doação intervivos, a nefrectomia (remoção do rim) pode ser realizada através do método convencional ou laparoscópico. As vantagens da técnica laparoscópica incluem: cirurgia menos invasiva, menor cicatriz, menor tempo de internamento hospitalar e maior aceitação de muitos doadores. As potenciais complicações associadas à nefrectomia, seja laparoscópica, seja convencional, incluem hemorragia, infecção de ferida operatória, abcessos, trombo embolismo, complicações cardíacas e óbito. Como os dadores são cuidadosamente seleccionados, as complicações graves não são frequentes, apresentando uma taxa de mortalidade de aproximadamente 1%.O rim esquerdo geralmente é o preferido para doação devido ao longo comprimento de veia renal esquerda em relação à direita. Após a nefrectomia, o rim é colocado numa solução de preservação. De seguida é implantado no receptor.
Importa dizer que, ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, o novo rim não é implantado no lugar do rim doente. Na realidade, é criado um novo espaço, na parte acima e ao lado da bexiga, onde se torna mais fácil reconstruir as estruturas necessárias e onde consegue ficar mais protegido pelos ossos da bacia do receptor. Trata-se deste modo de uma cirurgia muito delicada sendo também necessário ligá-lo à artéria e veia do receptor e também à uretra da bexiga para que a urina possa seguir o seu destino certo.


Pós-transplante / Riscos

Após a cirurgia, iniciam-se os cuidados médicos que vão durar para toda a vida do paciente. Exames clínicos e laboratoriais são feitos diariamente durante os primeiros 15 a 20 dias para diagnosticar e prevenir as rejeições.

Relativamente às infecções, o período pós-transplante é dividido em três fases:

  • Até seis semanas após o transplante, quando as infecções são, na sua maioria, secundárias ao procedimento cirúrgico. A ferida operatória e o trato urinário são locais mais frequentes de infecções;

  • Até 6 meses, quando há predomínio das infecções oportunistas. É durante este período que o risco de desenvolver tuberculose e infecção por citomegalovírus (CMV) é mais elevado;

  • A partir dos seis meses após o transplante, quando podem ocorrer infecções semelhantes à população em geral além de infecções oportunistas. É importante salientar que os quadros infecciosos em pacientes transplantados podem ter carácter mais grave e apresentações atípicas, ou seja, diferentes dos pacientes que não tomam imunossupressores.
Existem também complicações cirúrgicas, às quais o paciente transplantado está sujeito, podendo levar ao seu internamento. As principais são: 
  • Vasculares: Trombose de artéria renal, Trombose de veia renal, linfocele (acumulação de linfa, próxima ao órgão transplantado);

  • Urológicas: Fistula urinária, obstrução urinária;

  • Outras: Hematoma de loja renal, ruptura renal, ruptura de anastomose arterial.
O período de recuperação é, em média, um mês. A duração média do internamento hospitalar é uma semana. As suturas ou clipes são removidos aproximadamente uma semana após a cirurgia. O paciente deve movimentar as pernas com frequência, para reduzir o risco de trombose venosa profunda.

Após a alta, o transplantado faz exames clínicos e laboratoriais semanalmente, durante 30 dias, e posteriormente duas vezes por mês. Os três primeiros meses são os mais difíceis e perigosos, porque é o período no qual ocorre o maior número (75%) de rejeições e complicações infecciosas.

A partir do terceiro mês, iniciam-se os exames mensais durante 6 meses. O controlo vai se espaçando conforme a evolução clínica e o estado do rim.

Nunca, sob hipótese alguma, o paciente pode interromper ou modificar a medicação, ou deixar de fazer os exames indicados. É uma obrigação para o resto da vida. Uma falha pode ser fatal. A crise de rejeição pode ocorrer a qualquer momento, mesmo após muitos anos de um transplante bem sucedido.

Apesar do uso de medicamentos supressores do sistema imunitário, costumam verificar-se um ou mais episódios de rejeição pouco depois da intervenção cirúrgica. A rejeição pode implicar retenção de líquidos e, como consequência, aumento de peso, febre, dor e inflamação na zona em que tiver sido implantado o rim. As análises de sangue podem mostrar que o funcionamento renal se está a deteriorar. Se os médicos não tiverem a certeza de que se está a verificar uma rejeição, podem efectuar uma biópsia por punção (colher um pequeno fragmento de tecido renal com uma agulha e observá-lo ao microscópio).

A incidência de cancros nos pacientes para quem se transplantou um rim é de 10 a 15 vezes mais elevada do que nas restantes pessoas. O risco de se desenvolver um cancro do sistema linfático é cerca de 30 vezes maior do que o normal, provavelmente porque o sistema imunitário está inibido

No entanto, as pessoas com rins transplantados fazem habitualmente uma vida normal e activa.

Resultados

Cerca de 90 % dos rins provenientes de dadores vivos funcionam bem um ano depois de terem sido transplantados. Durante cada um dos anos seguintes, de 3 % a 5 % desses rins entra em falência. Nos casos em que são transplantados rins de um indivíduo acabado de morrer, os resultados são igualmente bons: entre 85 % a 90 % funciona bem após 1 ano, e entre 5 % a 8 % deles falha durante cada ano subsequente. Os rins transplantados funcionam, por vezes, mais de 30 anos.


Sónia Moreira, 26 de Abril de 2010

9 comentários:

Anónimo disse...

Bastante esclarecedor : )

Jana disse...

Parabéns.Doar um orgão é doar vida.

Anónimo disse...

pode durar, 30 anos, onde????vocês devem estar a sonhar...era bom.

Anónimo disse...

pode durar, 30 anos, onde????vocês devem estar a sonhar...era bom.

fernando disse...

Ola! Eu sou Fernando, doente renal em hemodialise. Gostei do vosso blog e da informação! No vosso trabalho ja investigaram sobre uma tecnica nova de preparação do rim para transplante, que segundo me apercebi, o rim fica compatível para qualquer grupo de sangue sem ser necessário toda a medicação para a possível rejeição?
Foi desenvolvido, na Alemanha, no hospital Universitario de Cologne.
"uSpecialist Clinic IV for Internal Medicine at the University Hospital of Cologne, headed by Prof. Dr. Thomas Benzing, and the Department of General, Visceral and tumor surgery under the guidance of Prof. Dr. Arnulf Hoelscher who first transplanted a kidney between people don’t have a equal blood type.
A new process now allows the independent blood type living kidney donation and offers new hope for a large number of kidney patients.
http://insuficienciarenal.blogs.sapo.pt/306.html

João disse...

Olá! Sou o João dentro de um mes irei doar um rim ao meu pai, embora seja raro o transplante de filho para pai estou ciente da possivel qualidade de vida que lhe posso vir a proporcionar. O transplante terá lugar no Hospital Santa Maria em Lisboa.
Um bem haja pelo blog

Tania Mac disse...

Oi, o meu nome é Tania e sou doente renal cronica faz 1 ano em Março e faço diálise de momento. Estou em processo de transplante dados vivo com o meu companheiro e já só falta marcar a consulta. Um bem haja pela informação. Apesar de extretamente util, relembra sempre o medo e o risco que é para quem dá e quem recebe.

ROBERTO SCHEEREN disse...

ROBERTO LUIS SCHEEREN. SOU TRANSPLANTADO A 22 ANOS . TENHO 49 ANOS .CRE 2.0 A ANOS , SOU UM PRIVILIGIADO ,GANHEI A MEGA SENA ACUMULADA ,VIVO UM DIA DE CADA VEZ.

ROBERTO SCHEEREN disse...

ROBERTO LUIS SCHEEREN. SOU TRANSPLANTADO A 22 ANOS . TENHO 49 ANOS .CRE 2.0 A ANOS , SOU UM PRIVILIGIADO ,GANHEI A MEGA SENA ACUMULADA ,VIVO UM DIA DE CADA VEZ.