sábado, 1 de maio de 2010

Transplante hepático

O que é um transplante hepático?

O Transplante hepático é uma cirurgia que consiste na extracção do fígado doente de uma pessoa que sofre de doença hepática crónica ou aguda para colocar, no mesmo lugar, um fígado saudável doado por alguém com morte encefálica, ou parte do fígado de um doador vivo.


O transplante de fígado apresenta alguns aspectos particulares. O órgão doente tem de ser removido pois não existe espaço no abdómen para colocar o novo fígado e para além disso, não é prudente deixar o órgão pois existe uma grande probabilidade de desenvolver um tumor maligno. É também fundamental que o sangue venoso que ia para o fígado doente (sangue que provem do intestino, pâncreas, baço e estômago) vá para o novo fígado, pois este precisa de certas substâncias, que vão nesse sangue, para manter a sua integridade. Para além disso, o fígado doente não oferece resistência à passagem do sangue fazendo assim desaparecer a elevada pressão do sangue venoso abdominal (a chamada hipertensão portal) e com isso acresce o risco de hemorragia abdominal, que é muitas vezes fatal.

Esta remoção do fígado doente - chamada hepatectomia total - é, provavelmente, a parte mais difícil e perigosa do transplante hepático. As estruturas vasculares vitais a isolar, as aderências presentes, a hipertensão venosa habitual, a deficiente coagulação e a necessidade de estabelecer, em muitos casos, um circuito externo para trazer o sangue da metade inferior do corpo ao coração, fazem desta intervenção, possivelmente o acto cirúrgico mais formidável de toda a cirurgia.

Removido o fígado doente, coloca-se o novo que se colheu do dador compatível. Este novo órgão é mantido até à cirurgia com uma solução protectora a 4ºC num recipiente envolvido em gelo. Embora o enxerto se mantenha viável nestas condições 24 ou mais horas, não convém demorar mais de 10 horas entre a colheita e a colocação na circulação do receptor.

Para colocar o enxerto no receptor fazem-se as ligações (anastomoses) entre os vasos e o canal biliar do doente e os do novo fígado. Os vasos de entrada são a veia porta e a artéria hepática; os vasos de saída são as veias supra-hepáticas. O canal biliar é o colédoco ou o hepático comum.


Feitas estas ligações - por vezes muito difíceis e exigindo alongamentos ou plastias -, o órgão começará a funcionar. A taxa de sucesso é elevada.


Pós-transplante / Riscos

Podem ocorrer várias complicações, umas fáceis de dominar, outras mais difíceis. As mais comuns são as infecções e a rejeição do órgão. Na grande maioria dos casos, tudo corre bem - a prevenção das infecções é eficaz, as rejeições agudas são facilmente debeláveis e não há complicações vasculares ou biliares. Normalmente o transplantado tem alta ao fim de três semanas. No entanto, o período de recuperação é de aproximadamente 12 semanas. Seguindo as indicações da equipa médica, tomará os medicamentos adequados, fará os controlos de rotina necessários e a sua vida irá voltar ao normal. O paciente é encorajado a retomar suas actividades diárias o mais rápido possível.

Apesar de o índice de sucesso do transplante de fígado ser um pouco inferior ao do rim, entre 70 % e 80 % dos receptores vive pelo menos um ano. A maioria dessas pessoas que sobrevivem, são receptores cujo fígado foi destruído por doenças como a cirrose biliar primária, a hepatite ou o uso de uma medicação tóxica para o fígado. O transplante de fígado, como tratamento para o cancro desse órgão, raramente dá bom resultado. O cancro costuma reaparecer no fígado transplantado ou noutro local. Menos de 20 % dos receptores vive pelo menos um ano.

Vencida a barreira do 1º ano, a probabilidade de complicações é mínima podendo, desde então, considerar-se com uma esperança e qualidade de vida semelhantes às das pessoas não sujeitas a transplante hepático.

Sónia Moreira, 1 de Maio de 2010

4 comentários:

Rui M. disse...

É a primeira vez que visito o vosso blogue e devo confessar que adorei. O tema é sem dúvida pertinente, muito pouco abordado mas com uma grande importância.
Está esteticamente muito bonito, bem organizado, com muitas informações interessantes e imagens apelativas. Adorei o vosso projecto! Foram muito originais!
Os meus parabéns! Irei com certeza visitar regularmente este blogue! Estou ansioso por ver o desenvolvimento do vosso trabalho e que o mesmo seja recompensado!

ricardo soares disse...

boas !! tenh uma questao a por, que nai percebi bem o que quer dizer. O meu pai deve ter que ser sujeito a um transplante hepático, e onde diz "Pós - transplante/ riscos" esta a dizer :

" Apesar de o índice de sucesso do transplante de fígado ser um pouco inferior ao do rim, entre 70 % e 80 % dos receptores vive pelo menos um ano. A maioria dessas pessoas que sobrevivem, são receptores cujo fígado foi destruído por doenças como a cirrose biliar primária, a hepatite ou o uso de uma medicação tóxica para o fígado. O transplante de fígado, como tratamento para o cancro desse órgão, raramente dá bom resultado. O cancro costuma reaparecer no fígado transplantado ou noutro local. Menos de 20 % dos receptores vive pelo menos um ano... " é esta parte que fiquei sem saber qual o resultado final ! Esta explicaçao quer dizer que o doente morrerá passado um ano ? Espero com uma resposta ...

ricardo soares disse...

Se poderem responder com um comentario para eu ver aqui no blog, agradecia !

Unknown disse...

Boa noite,

o meu pai tem 60 anos e uma grande vontade de viver. No final de agosto, descobriu que tinha um carcinoma do cólon e metástases no fígado. Já fez alguns ciclos de quimioterapia, mas o cancro não regride. Assim, solicito informação sobre a possibilidade de fazer transplante de fígado e/ou cirurgia que possa dar alguma esperança ao doente e a nós família.
Desde já agradeço a atenção prestada,
Patrícia Azevedo (pat-azevedo@hotmail.com)