sábado, 6 de março de 2010

Stinne Holm é a primeira mulher a ter duas crianças após transplante de tecido ovárico

Pela primeira vez, uma mulher, Stinne Holm, deu à luz duas crianças saudáveis, em gravidezes separadas, após ter realizado um transplante do tecido ovárico – que lhe tinha sido removido e congelado, durante o tratamento que fez no seguimento de ter desenvolvido cancro, e reposto após a cura.

 

Claus Yding Andersen, o seu médico, reportou o caso na passada quinta-feira no jornal «Human Reproduction» – uma publicação prestigiada na área da medicina reprodutiva. “Esta é a primeira mulher no Mundo a ter duas crianças, em gravidezes separadas, como resultado de um transplante de tecido de reserva congelado”, disse.

O nascimento da primeira filha, Aviaja, foi em Fevereiro de 2007 e, em Janeiro de 2008, Stinne Holm recorreu a uma clínica de reprodução assistida porque estava a pensar em ter um segundo bebé. Recebeu tratamento para fertilização e em Setembro de 2008 concebeu a segunda menina, Lucca.

Andersen assinala ainda que este caso assegura "a criopreservação de tecido ovárico como uma método válido de preservação de fertilidade e que pode também encorajar a desenvolver novas técnicas de procedimento clínico, em mulheres que se sujeitem a tratamentos que poderão danificar os seus tecidos”.

Até agora, já nasceram nove crianças (incluído as de Stinne Holm Bergholdt) resultantes desta experiência. Três das mães, também na Dinamarca, foram igualmente tratadas por Andersen, que é ainda docente em Psicologia Reprodutiva Humana na Universidade de Copenhaga. Todas as gravidezes ocorreram na Europa.

Bergholdt é também uma das autoras do estudo e quando a doença lhe foi diagnosticada, em 2004, decidiu remover e congelar parte do seu ovário direito, antes de iniciar a quimioterapia; já que o esquerdo lhe foi retirado devido a um quisto detectado anteriormente.

Funcionamento normal

O tratamento foi bem sucedido, mas como esperado, a medicação provocou-lhe menopausa. Em Dezembro de 2005, seis pequenas bandas de tecido foram-lhe transplantadas no que restava do ovário e este recomeçou a funcionar normalmente. Após estimulação ovárica, concebeu a primeira filha, Aviaja, e, quando decidiu engravidar pela segunda vez, recorreu à clínica de fertilidade de Andersen, para retomar o tratamento e foi quando se apercebeu que já estava grávida normalmente.
À segunda é milagre

Bergholdt referiu: “Quando soube que estava grávida pela primeira vez fiquei muito contente, mas também com medo e bastante céptica, porque achei difícil acreditar que o meu corpo voltara a funcionar. O meu cancro foi diagnosticado tardiamente por os médicos não terem levado as minhas queixas a sério, na altura, e não paravam de me dizer que estava tudo bem. Por isso, é que duvidei que fosse verdade quando me disseram que ia ter um bebé. Depois, comecei a acreditar e a aproveitar todos os aspectos da gravidez”.

Quando recorreu à clínica e se apercebeu que já estava grávida e tinha acontecido naturalmente, sem o tratamento de fertilidade, considerou que tinha sido “um milagre”. No entanto, Bergholdt antecipou que de momento, ela e o marido, ainda não decidiram se querem ter mais filhos. “As crianças ainda são muito pequenas e requerem bastante atenção, mas talvez daqui por uns anos comecemos a pensar nisso novamente”, referiu.

“Isto demonstra que o tecido original transplantado continuou a funcionar durante mais de quarto anos e que Bergholdt continua a poder conceber crianças saudáveis. Ela continua a ter o seu natural ciclo menstrual e agora está mesmo a tomar anti-conceptivos para não engravidar novamente”, contou o médico.

Stinne Holm dispõe de mais bandas de tecido ovárico, num tanque em líquido de nitrogénio – podendo manter-se funcionais durante mais de 40 anos –, caso queira realizar um novo transplante de forma a continuar a manter o funcionamento ovariano.


Artigo publicado por Ciência Hoje, em 24 de Fevereiro de 2010
Vanda Craveiro, em 6 de Março de 2010

2 comentários:

Anónimo disse...

Também li esta notícia e achei muito interessante. Mostra que as pessoas podem levar uma vida normal mesmo depois de passarem por um cancro e se submeterem a operações.
São estas notícias que nos fazem sonhar e querer poder ajudar os outros.
Continuem o trabalho!
João Paulo

Grupo E disse...

Isto sim são boas noticias! É optimo ver que os progressos da ciência fazem com que pessoas consigam cumprir sonhos, que antes nao seriam possiveis.
Notícia muito bem escolhida :D

Guilherme Costa