quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Matemática prova que leucemia mielóide pode ser curada com medicamentos

Uma investigação internacional que envolveu um cientista português concluiu, através da aplicação de um modelo matemático, que a leucemia mielóide crónica pode ser curada com medicamentos, e não apenas com transplante de medula, como se pensava até agora.



Em declarações à Lusa, o investigador Jorge Pacheco, do Departamento de Matemática e Aplicações da Universidade do Minho, explicou que os doentes que tomem as substâncias activas imatinib, dasatinib ou nilotinib desde o diagnóstico de leucemia mielóide crónica "podem atingir a cura, ao contrário do que se pensava".



"Isto significa que, por exemplo, pode haver doentes que neste momento tomem o medicamento e que poderiam parar, pois já não precisam dele", acrescentou.



Assim, poderá existir uma "mudança de paradigma na forma como a doença é encarada e tratada, uma vez que a única alternativa admitida hoje em dia como susceptível de proporcionar uma cura - mas que não é 100 por cento segura e envolve previamente rádio e/ou quimioterapias - é um transplante de medula óssea".



Esta conclusão foi possível através de um modelo matemático, que é usado para "descrever várias doenças do foro hematológico".



O investigador refere que agora se consegue descrever as "características mais gerais (do modelo) e ainda prever certos efeitos que não eram conhecidos".



"Este resultado de que 'o medicamento poder curar os pacientes' é um exemplo do tipo de coisas que podemos prever", exemplificou.



Para melhor explicar a aplicação, afirmou à Lusa que um "modelo matemático não é mais do que uma caricatura dessa mesma realidade (complexa) feita à custa de equações e números".



"Mas, quando a caricatura é boa, ela, por vezes, oferece-nos uma perspectiva nova sobre a realidade, e aí todo o poder da matemática emerge, dado que tudo o que deriva do modelo não é mais do que uma consequência lógica daquilo que deu origem à caricatura", resumiu.



in edição on-line do Jornal de Notícias de 18 de Fevereiro de 2010
Vanda Craveiro, em 18 de Fevereiro de 2010

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